ESTE ESPAÇO É DE VALORIZAÇÃO CULTURAL DOS MODOS DE VIDA DOS AGRICULTORES FAMILIARES, RIBEIRINHOS, POVOS TRADICIONAIS E INDÍGENAS DO BRASIL.

Os "Cunhas do Brasil" são uma família imensa que vive entre uma cadeia de montanhas na Zona da Mata de Minas Gerais. Dá-se conta que os primeiros Cunhas chegaram por volta da década de 30 e já tornariam famosos nas redondezas, a partir de uma missão ousada e empreendedora de conquista: A temida subida de uma enorme montanha que ficava ao pé da vila - ficou conhecido como Morro do São Luiz. Os Cunhas queriam é ficar na roça!
Com extrema coragem e perspicácia, montados em cavalos, charretes e em carros de bois, a caravana chegou a uma baixada e até hoje, passados mais de 80 anos do célebre ato, ainda se encontram no local e são símbolos históricos de que o meio rural/florestal é o melhor lugar para se viver. Diante da dificuldade de acesso à vila, ficaram praticamente isolados por mais de 40 anos fazendo com que desenvolvessem um linguajar próprio e modos específicos de sobrevivência. Atualmente, são famosos por produzirem o melhor café da região e uma cachaça mardita de boa...
...e não duvide: vivem felizes e satisfeitos assim como sabiá cantando!

20 de jun. de 2019

O Paraíso Terrestre

Arte Kaiapó: Paulinho Santos

Há muito e muito tempo, a tribo da grande nação indígena Kaiapós habitava um mundo sem céu. Por isso, não existia também sol, nem lua, nem estrelas, cometas, arco-íris, pássaros. Aqueles habitantes se alimentavam apenas de mandioca e pequenos animais, mas nunca tinham visto, por exemplo, um peixe, pois não havia rios por ali. Tampouco, comiam frutas, pois não havia florestas, sequer arbustos e pequenas moitas. Era um mundo vazio.
Um dia, um jovem índio estava caçando quando avistou sua presa: um tatuzinho amedrontado. Percebendo a presença do caçador, o animal fugiu, e quanto mais corria, mais o jovem corria atrás. Sem entender, ele viu que o pequeno tatu crescia a cada passo, se tornando um grande animal que, embora grande, continuava amedrontado.
Cansado de correr e já percebendo a proximidade do caçador, o grande tatu cavou rapidamente a terra seca e escura abaixo deles, abrindo um grande buraco, no qual desapareceu.
À beira da cova, o índio ficou observando para se certificar que o animal fugiu mesmo. Não aguentando sua curiosidade, decidiu descer pelo buraco e, com surpresa, percebeu que ao final do caminho, havia um ponto luminoso. Sem sinal do tatu, resolveu seguir aquele ponto de luz.
Por muitos anos, aquele jovem índio se lembraria do que viu quando chegou ao final do túnel. Viu aos poucos o ponto de luz se transformar em uma grande abertura e um novo mundo se revelou: um mundo com um céu tão azul que os olhos acostumados com a escuridão ardiam. Um Sol tão luminoso que o índio temeu se queimar por um instante.
E, um lindo arco-íris, cujas cores estavam nas penas de algumas aves e nas asas de borboletas que enfeitavam o céu. Uma grande mata crescia nas margens de um grande rio, de onde pulavam peixes de vários tamanhos e cores. Perto dele, alguns animais caminhavam sem medo, como tartarugas, macacos, capivaras e preás.
O jovem índio ficou admirando aquele novo mundo e notou que o Sol se movia, fugia dele, até desaparecer. A tristeza tomou conta do jovem, que pensou que tudo aquilo havia acabado com o Sol. Mas, seu deslumbramento voltou assim que viu surgir no céu uma grande pedra branca, bem redonda e brilhante. Era a Lua que surgia com mais um milhão de estrelas que piscavam, e brilhavam, e iluminavam o céu e a terra. Algumas chegavam bem perto dele, como se fossem pequenos insetos luminosos.
Correndo mais rápido do que nunca, o índio voltou à aldeia para contar sobre aquele novo mundo. O pajé, homem mais respeitado na tribo, autorizou que todos seguissem aquele caminho aberto pelo tatu. Os índios foram, um a um, descendo por uma longa corda até pisar no chão daquele que seria seu novo lar, o Mundo Novo.
(Daniel Munduruku)

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