ESTE ESPAÇO É DE VALORIZAÇÃO CULTURAL DOS MODOS DE VIDA DOS AGRICULTORES FAMILIARES, RIBEIRINHOS, POVOS TRADICIONAIS E INDÍGENAS DO BRASIL.

Os "Cunhas do Brasil" são uma família imensa que vive entre uma cadeia de montanhas na Zona da Mata de Minas Gerais. Dá-se conta que os primeiros Cunhas chegaram por volta da década de 30 e já tornariam famosos nas redondezas, a partir de uma missão ousada e empreendedora de conquista: A temida subida de uma enorme montanha que ficava ao pé da vila - ficou conhecido como Morro do São Luiz. Os Cunhas queriam é ficar na roça!
Com extrema coragem e perspicácia, montados em cavalos, charretes e em carros de bois, a caravana chegou a uma baixada e até hoje, passados mais de 80 anos do célebre ato, ainda se encontram no local e são símbolos históricos de que o meio rural/florestal é o melhor lugar para se viver. Diante da dificuldade de acesso à vila, ficaram praticamente isolados por mais de 40 anos fazendo com que desenvolvessem um linguajar próprio e modos específicos de sobrevivência. Atualmente, são famosos por produzirem o melhor café da região e uma cachaça mardita de boa...
...e não duvide: vivem felizes e satisfeitos assim como sabiá cantando!

13 de set. de 2024

O Sol é um Menino

                                                                    Obra: Tarsila do Amaral

O sol ardia. Não haveria ser humano capaz de enfrentar aquele sol rançoso, cuspindo fogo sobre essa terra pobre de meu Deus...que de pesar, eu não nego, nem tenho mais impaciência: quero viver lutando sob esse sol que castiga minha carcaça, deixa pobre e triste minhas éguas, invade os cantos da vagem e depois esconde atrás do alto dos incertos. Em nenhum momento me darei por vencido, nem na hora da morte e muitos menos nas horas que permeiam a vida. Nesse negócio de vida, mistério é pouco, certeza é bobagem. De cabeça na viola e na minha amada Ritinha, arremato a imaginação de um foguete, voando mais próximo desse sol que é soberano e menino. Penso que se anote:  Não inveje o tempo que se passa, mas se prenda no tempo em que se principia. Não sou vaqueiro, nem tenho o dom do mote. Mas, sei reaver umas poesias a tira gosto no pasto ao frescor do vento, do cheiro de mato que circunda o meu rancho pequeno. Também sei viver só com umas modas e poucas galinhas e escuto os cachorros no fundão da madrugada, fazendo um coral uivante sobre a lua nova. Antes de nascer o sol na terra, esse sol já nasceu dentro de mim. Sou filho de Antônio e Maria, mas também do Ipê e da Samaúma. Não concluo nada, só espreito o som da orquestra de sapos que vem do brejo. Quem fala muito, nada sabe. Quem escuta com atenção é sábio modesto. Se ao cair da noite, a fogueira encobre o céu, uma estrela cai no fundo da grota decerto. Nunca fui homem de sondar o passado, sou mais chegado em vislumbrar o universo. Nem sujeito de falar alto, pra que nem os cachorros farejem às alegrias e os inversos.

(Leo Canaã)

Nenhum comentário:

Postar um comentário