Imagem: O Porto - Hector Bernabo Carybe
" Naveguei pela beira
Pelos rios na estação da seca e da cheia
Em uma (na seca) tem praia e balseiro
Em outra (cheia) tem força e é ligeiro
Fico com medo da força e da falta que o rio faz
Penso nas dores e nas alegrias que pelo rio o homem traz
Se ficar só cheio o rio, como fica o futebol de praia dos meninos
A plantação de melancias e o banho das meninas?
Se ficar só seco o rio, como chegará o doutor pra curar a doenças malvadas
Óleo e água e como pescar as piabas?
Converso com o rio e ele me fala: tô morrendo seu Agenor!
e eu, o que respondo?
Se morrer o rio, acaba eu, o boto, o menino, a menina
Até quem mal faz ao rio, o impostor
Se morrer o rio, acaba tudo que vive na beira
A família que sobe a ribanceira
Acaba a farinha tão gostosa e procurada lá na feira
Se morrer o rio, morre o caminho do mar
as cidades e distritos com nome do rio
as pessoas como fonte desse lugar"
(Leo Canaã)
Inspiração das inúmeras viagens que fiz pelos rios amazônicos do Acre e de Rondônia.