ESTE ESPAÇO É DE VALORIZAÇÃO CULTURAL DOS MODOS DE VIDA DOS AGRICULTORES FAMILIARES, RIBEIRINHOS, POVOS TRADICIONAIS E INDÍGENAS DO BRASIL.

Os "Cunhas do Brasil" são uma família imensa que vive entre uma cadeia de montanhas na Zona da Mata de Minas Gerais. Dá-se conta que os primeiros Cunhas chegaram por volta da década de 30 e já tornariam famosos nas redondezas, a partir de uma missão ousada e empreendedora de conquista: A temida subida de uma enorme montanha que ficava ao pé da vila - ficou conhecido como Morro do São Luiz. Os Cunhas queriam é ficar na roça!
Com extrema coragem e perspicácia, montados em cavalos, charretes e em carros de bois, a caravana chegou a uma baixada e até hoje, passados mais de 80 anos do célebre ato, ainda se encontram no local e são símbolos históricos de que o meio rural/florestal é o melhor lugar para se viver. Diante da dificuldade de acesso à vila, ficaram praticamente isolados por mais de 40 anos fazendo com que desenvolvessem um linguajar próprio e modos específicos de sobrevivência. Atualmente, são famosos por produzirem o melhor café da região e uma cachaça mardita de boa...
...e não duvide: vivem felizes e satisfeitos assim como sabiá cantando!

30 de nov. de 2011

Barragem


Desenho: Carlos Azevedo Matos

" Gosto tanto da minha vidinha
Vidinha boa de homem do campo
Tenho a minha véia e meus guris
Esta vidinha boba que me deixa feliz e em canto
Tá parecendo que está chegando ao fim
chegou uma barragem por aqui
Quanto mais se enche a água
Mais se faz lágrimas em mim
Ah, vidinha boba essa minha
Vidinha com minhas plantinhas e cabras
Vidinha feliz, então é um vidão de fato
Vejo o meu pomar, a mata e o rio da minha vida passar
Daqui a pouco vai acabar tudo e mesmo que viva
Morrerei quando começar a alagar e na cidade meus pés chegar"



19 de out. de 2011

O Rio da Beirada

Imagem: O Porto - Hector Bernabo Carybe

 " Naveguei pela beira
Pelos rios na estação da seca e da cheia
Em uma (na seca) tem praia e balseiro
Em outra (cheia) tem força e é ligeiro
Fico com medo da força e da falta que o rio faz
Penso nas dores e nas alegrias que pelo rio o homem traz
Se ficar só cheio o rio, como fica o futebol de praia dos meninos
A plantação de melancias e o banho das meninas?
Se ficar só seco o rio, como chegará o doutor pra curar a doenças malvadas
Óleo e água e como pescar as piabas?
Converso com o rio e ele me fala: tô morrendo seu Agenor!
e eu, o que respondo?
Se morrer o rio, acaba eu, o boto, o menino, a menina
Até quem mal faz ao rio, o impostor
Se morrer o rio, acaba  tudo que vive na beira
A família que sobe a ribanceira
Acaba a farinha tão gostosa e procurada lá na feira
Se morrer o rio, morre o caminho do mar
as cidades e distritos com nome do rio
as pessoas como fonte desse lugar"
(Leo Canaã)

Inspiração das inúmeras viagens que fiz pelos rios amazônicos do Acre e de Rondônia.





19 de jul. de 2011

Noite do Norte


Foto: Patrícia Roth - São Luiz do Remanso - Capixaba, Acre. 2005


“ Em uma noite de roça, tudo é canto e recanto. 
E há sempre um cachorro latindo longe, no fundo do mundo" (Guimarães Rosa)



8 de jul. de 2011

O Cântico da Terra

Obra em cerâmica: O Cântico da Terra - Ma Ferreira
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
                   (Cora Coralina)